terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

50 pegadinhas da língua portuguesa para estudar para concurso

50 pegadinhas da língua portuguesa para estudar para concurso
Ela quer se aparecer.

Termo muito usado e completamente errado. Certos verbos são essencialmente pronominais como suicidar-se, por exemplo. Outros, porém, jamais podem ser usados com pronomes, como os verbos da dica anterior, simpatizar ou antipatizar.

Trazemos um desses verbos que jamais são usados com pronome, que é o verbo aparecer. Esse é um típico verbo intransitivo. Não admite voz reflexiva, objetos de espécie alguma. Não se pode aparecer ninguém e, também, aparecer a si mesmo. Escreve-se corretamente, assim:
Ela quer aparecer.
Pegadinha 2
São os banqueiros que acabam lucrando.
Neste tópico de dicas de português para concursos, a expressão é que não é genuinamente um verbo. Trata-se simplesmente de uma locução de realce, que a usamos, evidentemente, para dar destaque à ideia expressa na frase.

Por tratar-se de um mero adorno frasal, essa locução é totalmente dispensável sem prejuízo para o sentido da oração. Exemplo: É os banqueiros que acabam lucrando. = Os banqueiros acabam lucrando. (A igualdade é de significação, é lógico.)

Mais exemplos:

Só nós dois é que sabemos o quanto nos queremos bem. (Letra de canção portuguesa.) Seria ridículo dizer: Só nós dois somos que sabemos o quanto nos queremos bem. A frase original pode ser escrita, sem nenhum prejuízo para a sua significação: Só nós dois sabemos o quanto nos queremos bem.

É eles que representarão o presidente. Essa frase está correta. Estaria incorreta se fosse escrita assim: São eles que representarão o presidente. Se eliminarmos do contexto a expressão de realce é que, veremos que o sentido é o mesmo: Eles representarão o
presidente.
Muito cuidado! Nas questões de português, sobre concordância verbal, as organizadoras de vestibulares e concursos públicos costumam usar, de vez em quando, frases desse tipo, induzindo o vestibulando ou concursando a considerá-las incorretas.

Concluindo, indicamos como escrita correta da frase do topo a seguinte construção:


É os banqueiros que acabam lucrando.

ou

Os banqueiros é que acabam lucrando.


Lembrar: é que – é uma locução de realce.



Pegadinha 3



Inglaterra confirma invasão ao Iraque.




Jamais poderá ocorrer invasão a lugar algum. Porém, o que é possível acontecer é invasão de algum lugar. Escreve-se com correção, assim:



Inglaterra confirma invasão do Iraque.


Veja, a seguir, outros exemplos corretamente escritos:

Invasão de privacidade.

Invasão de domicílio.

A invasão do estádio pela polícia deu-se às 20 horas de ontem.



Pegadinha 4



O acidente aconteceu porque o motorista dormiu no volante.


Para que alguém consiga dormir no volante, é necessário que este seja, no mínimo, do tamanho de uma cama. Convenhamos, volantes desse tamanho ainda não foram fabricados.

Então, melhor seria dormir no banco do automóvel ou, mais adequadamente, em uma cama com mais conforto. Quem dorme bem, dorme em algum lugar. Já "dormir próximo" ou "junto" significa dormir a (preposição) com o respectivo artigo (o ou a). O correto seria escrever:


O acidente aconteceu porque o motorista dormiu ao volante.


A seguir, outros exemplos de frases corretamente grafadas:

A moça dormiu ao computador.

O marinheiro dormiu ao timão.

Romeu dormia à janela de Julieta.
Pegadinha 5


Marcos é um parasita da mulher.


Parasita, com a final, é denominação exclusiva de certas plantas. Para pessoas e animais, usa-se parasito. O correto seria escrever:


Marcos é um parasito da mulher.


Eis outros exemplos de frases corretamente grafadas:

Raquel age como um parasito da mãe.

Há sujeitos que são autênticos parasitos da sociedade.

A pulga é um parasito, como também o é o carrapato.

Precisamos exterminar as parasitas que estão nessa árvore.

As parasitas debilitaram nosso pomar.


Pegadinha 6


Confesso que me simpatizei com ela.


O verbo simpatizar, como também seu antônimo antipatizar não são empregados com pronomes. Portanto, escreve-se correto, grafando-se assim:


Confesso que simpatizei com ela.


Abaixo, seguem outros exemplos de frases corretamente escritas:

Você simpatizou com a moça, mas ela antipatizou com você.

Antipatizo com políticos em geral.

Simpatizamos com a nova professora.

Eles antipatizam conosco.


Pegadinha 7


Começou nevar hoje cedo em Urubici.


Certas notícias são dadas de modo negligente, sem nenhuma preocupação com as regras do idioma. O verbo começar forma locução com outro verbo, no infinitivo, por intermédio da preposição a. Exemplos:

Nice começou a chorar.

Naquela hora, Eliane começou a rir.

Começou a chover.

Eis a frase do topo corretamente escrita:


Começou a nevar hoje cedo em Urubici.



Pegadinha 8


Vou mostrar-lhe meu caderno, mas não repare a desorganização.


O verbo reparar assume dois significados. O que irá determiná-los é a presença ou não da preposição em. Veja, a seguir:

Com a preposição em significa notar, observar: Repare nos exemplos que damos nesta lição de gramática.

Entre, mas não repare na bagunça.

Posso escrever, porém não reparem em meus erros de português.

Sem a preposição em, significa consertar, indenizar: O técnico reparou o computador que estava avariado.
A empresa reparou os danos causados.

O juiz condenou o prefeito a reparar os prejuízos sofridos pelos camelôs.

O mecânico reparará o motor do carro.

Então escreve-se corretamente a frase original da seguinte maneira:


Vou mostrar-lhe meu caderno, mas não repare na desorganização.



Pegadinha 9


Residente à Rua Joana Sartóri.


As palavras residente, morador, situado e sua forma reduzida sito não admitem a preposição a para ligar-se ao respectivo logradouro, mas, sim, a preposição locativa em. Não se diz, por exemplo, que um imóvel está situado a Campinas, porém em Campinas.

Veja os exemplos que seguem: O escritório, sito na Rua Filisbina, recebe seus clientes de segunda a sexta-feira. O prédio está situado na Avenida Duque de Caxias. Márcio, morador na Travessa Cotia, prestou depoimento ontem. Resido na Alameda Tabajara.

A frase do topo escrita corretamente fica assim:


Residente na Rua Joana Sartóri.



Pegadinha 10


Costuma se fazer bons negócios nesta feira.


O verbo concorda com o seu sujeito, na voz passiva. Observe que temos dois verbos, um auxiliar e outro, principal.

Veja outros exemplos de uso da voz passiva em situações semelhantes: Não se podem prever essas situações. (Não podem ser previstas essas situações.) Devem-se devolver os crachás ao final do evento. (Devem ser devolvidos os crachás ao final do evento.)

A frase inicial estaria corretamente escrita da seguinte maneira:


Costumam se fazer bons negócios nesta feira.



Pegadinha 11


Não exceda da dosagem alcoólica permitida.


O verbo exceder não admite preposição. Outros exemplos: O motorista foi multado porque excedeu os limites de peso de carga de seu caminhão. (Errado: O motorista foi multado porque excedeu dos limites de peso de carga de seu caminhão.) Lotação: 42 passageiros. Não exceda este limite. (Errado: Lotação: 42 passageiros. Não exceda deste limite.)

O certo seria escrever a frase original do seguinte modo:
Pegadinha 12


Não fiz o dever de matemática.


Para muitas pessoas, há uma confusão muito grande, envolvendo os significados das palavras dever e deveres. Inicialmente, determinemos suas semânticas, conforme os bons dicionários:
dever: obrigação;
deveres: tarefas (sempre no plural).
O exemplo seguinte economiza muita explicação e esclarece a questão:
O dever de cada estudante é fazer seus deveres escolares.

Talvez, esta regrinha ajude a estabelecer com mais clareza a distinção:
deveres (tarefas) se fazem;
dever (obrigação) se cumpre.

Outros exemplos:
Ele cumpriu o dever de pai.
O dever de todo militar é servir o seu país.
Deixei de fazer os deveres de geografia.
Ela não dá conta de realizar os deveres domésticos. Precisa de uma empregada.
A frase original, corrigida, fica assim:


Não fiz os deveres de matemática.



Pegadinha 13


O comandante nos disse que ficássemos alertas.


Aqui está uma dica de português para vestibular e concurso, a qual tem gerado muita controvérsia. A palavra alerta pertence à classe dos advérbios e, como tais, é invariável. Não se flexiona para indicar gênero (Ele está alerta.), como também para indicar número (Permaneço alerta. Permanecemos alerta. Eles permanecem alerta.). Só se admite variação, quando substantivada, isto é, quando a palavra estiver acompanhada de artigo (Esqueci os alertas do comandante.).

Então, depois da correção da frase inicial, fica assim:


O comandante nos disse que ficássemos alerta.



Pegadinha 14


Depois de vinte minutos de interrupção, o árbitro deu continuidade ao jogo.


Esta seção de dicas de português para concursos expõe um grande equívoco de uso das palavras continuidade e continuação, conforme se explica a seguir.
continuidade — propriedade física da superfície dos corpos;
continuação — prosseguimento;
Pegadinha 15


A polícia não pode prendê-lo porque ele é de menor.


Eis uma seção de dicas de português para vestibulares e concursos cuja sutileza muita gente boa não percebe.

O predicativo dessa frase liga-se ao sujeito com auxílio de verbo de ligação sem preposição.

O povo é que construiu essa anomalia. Veja outros exemplos de predicativo:
Ele é sargento do exército.
Ela é maior de 14 anos.
Ela é a rainha do colégio.
Ele é menor de 6 anos.
Meu pai é professor.

Então, depois da correção da frase inicial, fica assim:


A polícia não pode prendê-lo porque ele é menor de idade.



Pegadinha 16


Sou difícil de fazer amizade.


Neste tópico de dicas de português para concursos, a frase já se inicia por uma incoerência, pois ninguém é difícil ou fácil de coisa alguma. Pelo menos, assim se espera. O que é difícil não é a pessoa, mas sim a ação de fazer amizade. O sujeito dessa frase é oracional — fazer amizade — e o predicativo é difícil. O verbo é de ligação — ser.

Então, depois da correção da frase inicial, fica assim:


É-me difícil fazer amizade.
ou
Fazer amizade me é difícil.
ou
Fazer amizade é difícil para mim.



Pegadinha 17


Já comuniquei o chefe que a mercadoria chegou.


Esta pegadinha de português para vestibular e concurso aborda um deslize sutil e corriqueiro, ideal para uma questão de concurso. Não devemos, jamais, comunicar uma pessoa, seja ela quem for. O que se comunica é o objeto da comunicação, isto é, o assunto, o fato ocorrido. Comunica-se, sim, à pessoa um determinado fato.

O verbo comunicar possui dois objetos. Um deles é o objeto indireto, que é a pessoa que recebe a comunicação. A esse objeto o verbo se liga sempre por meio de preposição. O outro complemento verbal é o objeto direto, que representa o fato comunicado.

Veja os seguintes exemplos: Daniel comunicou ao Mário a demissão da antiga secretária
O presidente comunicou ao povo a decisão que tomara quando decidiu o caso.
Pegadinha 18


A rapariga está meia aborrecida.


Mais um exemplo de pegadinha que tirou preciosos pontos para a aprovação de muitos vestibulandos e concursandos. Meia, modificando substantivo, é adjetivo e varia em gênero e número.

Exemplos:
Meio litro de água. (metade do litro)
Meia xícara de café. (metade da xícara)
Ele fala em meias palavras. (metade das palavras, como metáfora de "não dizer tudo")
Ele se expressa em meios termos. (idem, explicação acima)
Meio, modificando adjetivo, é advérbio e, como tal, não varia. Exemplos:
Ela está meio triste.
As duas moças permanecem meio confusas.

Então, depois de corrigida a frase inicial, fica assim:


A rapariga está meio aborrecida.



Pegadinha 19


Mais de um artista cantarão.


Este caso exige-nos atenção redobrada. Embora saibamos que a expressão "mais de um artista" representa, no mínimo, duas pessoas, devemos levar o verbo à forma da terceira pessoa singular cantará, fazendo a concordância gramatical com o numeral um da expressão "mais de um".

Veja outros exemplos:
Mais de um automóvel foi sorteado.
Mais de uma mulher assistiu à cena.
Do mesmo modo, é feita a concordância de frases do tipo Menos de dois alunos fizeram a prova. Nessa frase, embora compreendamos que a expressão "menos de dois alunos" representa, quantitativamente, um aluno; a concordância também é gramatical, com base no numeral dois da expressão "menos de dois alunos", e não ideológica, isto é,
com a idéia ou sentido que a frase puder sugerir.

Outros exemplos:
Menos de dois livros, foram queimados no incêndio.
Menos de duas moças saíram antes de o espetáculo se findar.
Então, depois de corrigida a frase inicial, fica assim:


Mais de um artista cantará.
Pegadinha 20


Eu nasci há trinta e cinco anos atrás.


Esta pegadinha nos lembra uma famosa música dos anos setentas — Eu nasci há dez mil anos atrás. Há excesso nessa frase! Quando ocorre excesso desse tipo, dizemos que existe redundância, isto é, repetição viciosa, que só empobrece a linguagem de quem a comete. O verbo haver, por si só, já representa "tempo transcorrido", a palavra atrás é redundante. Deve-se, portanto, escolher — ou se escreve há, do verbo haver, ou atrás. Então, depois de corrigida a frase inicial, poderia ser escrita de duas maneiras:


Eu nasci há trinta e cinco anos.
ou
Eu nasci trinta e cinco anos atrás.



Pegadinha 21


Viemos aqui, nesta hora, expressar nosso agradecimento pelo grande favor que nos fizeram.


Neste caso, apresenta-se um verbo comumente usado de maneira errada em algumas de suas formas. Nesta oportunidade falaremos apenas sobre um desses deslizes cometidos com o uso indevido do verbo vir. Ninguém diz: "estivemos aqui, nesta hora." Diz-se, porém, no tempo certo: "estamos aqui, nesta hora." Se é "nesta hora" que o fato ocorre, então, o verbo deve estar no presente.

Então, depois da correção, tem sua frase inicial assim escrita:


Vimos aqui, nesta hora, expressar nosso agradecimento pelo grande favor que nos fizeram.



Pegadinha 22


O político que se pode confiar ainda não nasceu.


Este é erro próprio da fala popular, linguagem que não está nem aí para a regência verbal. Erros desse tipo são muito explorados em provas de vestibulares e concursos públicos. Esteja alerta, caro leitor. A regência do verto confiar exige a preposição em, pois quem confia, confia em alguém, e não confia alguém.

Este tópico, depois da correção, tem sua frase inicial escrita assim:


O político em que se pode confiar ainda não nasceu.
Pegadinha 23


Traze-me uns pastelzinhos.


Neste tópico, focalizamos um aspecto muito explorado em provas de vestibulares e concursos públicos - o plural dos diminutivos em -zinho -, que é feito do seguinte modo:
A - leva-se o substantivo ao plural em seu grau normal: pastéis;
B - retira-se o s final: pastei;
C - acrescenta-se -zinhos, e pronto: pasteizinhos.

Outros exemplos:
pãezinhos
carreteizinhos
limõezinhos
caracoizinhos
aneizinhos

Depois da correção, a frase correta fica assim:


Traze-me uns pasteizinhos.



Pegadinha 24


O relógio marcou meio-dia e meio.


Esta pegadinha que, de vez em quando, figura em provas de vestibular e concurso, sempre acaba tirando candidatos do páreo. A palavra que se refere a horas é meia e não meio. Diz-se nove horas e meia, vinte horas e meia e assim por diante. Então, depois da correção, temos a seguinte frase:


O relógio marcou meio-dia e meia.



Pegadinha 25


Ao comer, tenha cuidado com os espinhos de peixe.



Esta pegadinha apresenta mais uma popularização errônea de uma palavra. Peixe não tem espinhos. Isso é próprio de certas plantas e, quando muito, do porco-espinho. Peixe tem espinhas. É bom estar preparado para a ocorrência de casos como o desta dica, em provas de vestibular e concurso.

Então, depois da correção, temos a seguinte frase:


Ao comer, tenha cuidado com as espinhas de peixe.



Pegadinha 26


Nossa situação está russa.


Esta pegadinha nos adverte para não confundir estado físico ou mental com estado político. Russa refere-se à Rússia. Quando se quer dizer que a situação está feia, diz-se que está ruça (com ç), que significa a cor pardacenta, escura. Em provas de vestibular e concurso, não é raro questões desse gênero.

Então, depois da correção, temos a seguinte frase:


Nossa situação está ruça.
Pegadinha 27


O juiz leu os 3º, 4º e 5º parágrafos.


Eis um tema frequentemente cobrado em provas de vestibular e concurso — a concordância nominal. A frase em destaque, acima, está mal formulada quanto ao aspecto da concordância nominal. Mesmo que haja uma lista ou uma série de elementos antes do artigo, este deve concordar com o elemento mais próximo. O artigo deve ficar no singular, diante de palavra no singular.

Exemplos:
Este cartório serve a 2ª e 3ª varas de família.
A revogação atingiu o 4º, 5º, 6º e 7º artigos da antiga lei.
Estamos discutindo o I e II itens do contrato.
A 1ª, 2ª e 3ª séries terão aulas de educação física.
Então, depois da correção, temos a seguinte frase:


O juiz leu o 3º, 4º e 5º parágrafos.



Pegadinha 28


O chefe reclamou porque a secretária não tinha entregue o relatório.


Nesta pegadinha, temos que considerar que existem duas línguas faladas no País — a culta e a popular. Esta é falada sem nenhuma preocupação com o idioma, enquanto aquela cujo conhecimento é exigido em provas de vestibular e concurso, subordina-se às normas da língua portuguesa falada no Brasil. O verbo entregar possui dois particípios — entregue e entregado. Com os verbos ter e haver, usa-se entregado. Por outro lado, a forma entregue é usada com os verbos ser e estar.

Exemplos:
A moça não havia entregado o bilhete.
João já tinha entregado as passagens.
Uma lista nova é entregue todas as manhãs.
Não se preocupe, a encomenda foi entregue.
A mercadoria está entregue.
A frase acima, depois de corrigida, fica assim:


O chefe reclamou porque a secretária não tinha entregado o relatório.



Pegadinha 29


Ele se acorda às seis horas todos os dias.


Nesta frase o pronome se está tornando a frase incoerente, isto é, o emprego desse pronome é inadequado. Em provas de vestibular e concurso público, esse tipo de ocorrência provoca a chamada incoerência textual ou linguagem inconsequente.
Ninguém acorda a si mesmo! Cada indivíduo, simplesmente, acorda ou, então, é acordado por alguém, algum som alto, um terremoto etc. Agora, decididamente, acordar a si mesmo é proeza que escapa à habilidade humana. A frase equivocada, depois de corrigida, fica assim:


Ele acorda às seis horas todos os dias.



Pegadinha 30


O governo vai criar novos impostos.


A expressão criar novos é da mesma família de subir pra cima, descer pra baixo, chutar com os pés etc. Já que não é viável criar nada velho, escreva-se, pois, apenas criar, e pronto! A frase inicial, depois de corrigida, fica assim:


O governo vai criar impostos.



Pegadinha 31


Não me importo que o Palmeiras perca.


Faz-se três construções com o verbo importar-se, sempre pronominal no sentido de ter
importância ou interesse:

1 - quando o sujeito for uma oração introduzida pela conjunção integrante que, o
verbo importar deve estar no subjuntivo (exclusivamente para casos como o da
presente dica). Exemplos:
Não me importa que você discorde.
Não me importa que o partido perca.
2 - quando o sujeito não for uma oração, usa-se somente importa, sem a
conjunção que:
Não me importa a derrota da Argentina.
3 - se ao verbo seguir a preposição com, emprega-se importo, forma do presente
do indicativo. Exemplos:
Não me importo com tuas lamúrias.
Não me importo com frescuras.
Outros exemplos em outros tempos verbais:
Não me importará que ele vença a competição.
Não me importaria que Márcia dissesse a verdade.
Naquela época, não me importava que a economia fosse mal.
Não me importaram os elogios baratos.
Não me importou a vitória inglesa.
Não me importarei com divertimentos banais.
Não me importava com coisa alguma.
Depois da correção, a frase fica assim:
Não me importa que o Palmeiras perca.



Pegadinha 32


A palestra agradou os congressistas.


Esta é uma questão de transitividade verbal. O verbo agradar, usado como transitivo
direto, significa fazer carinho, mimar, enfim fazer as vontades.

Exemplos:
A mãe agrada o filho recém-nascido, a fim de que ele pare de chorar.
A namorada agrada o rapaz, com elogios e atenções desmedidos.
Conforme exposto acima, palestra nenhuma poderá agradar os congressistas ou quem
quer que seja.
Uma boa palestra, mas só se for boa mesmo, poderá agradar aos congressistas (note a
preposição a); pois o verbo agradar, usado como transitivo indireto, significa
corresponder à expectativa, satisfazer, produzir agrado. Veja outros exemplos de
frases com o verbo agradar, empregado como transitivo indireto. Exemplos:
O filme agradou aos estudantes.
A prova agradou aos candidatos.
O resultado não agradou a mim.

A frase inicial, depois da correção, se apresenta assim:


A palestra agradou aos congressistas.



Pegadinha 33


Ganho apenas um mil reais por mês.


Não se mistura um (singular) com mil (plural). Com mil só se usam os numerais dois,
três, quatro e os que exprimirem valor superior.

Exemplos:
Comprei mil quilos de farinha.
Vendemos mil quilos de peixe,
Transportamos dois mil suínos para o Nordeste.
Trouxemos seis mil sacas de cimento.

A frase inicial, depois da correção, fica assim:


Ganho apenas mil reais por mês.



Pegadinha 34


O time perdeu porque seu centroavante não chutou em gol durante toda a partida.


Neste caso, quem acaba perdendo, verdadeiramente, é quem diz ou escreve uma frase
dessas, desperdiçando a oportunidade de calar-se. O verbo chutar admite as seguintes
regências: chutar a, chutar para, chutar contra ou, simplesmente, chutar. Exemplos:
O jogador chutou a gol.
O jogador chutou para o gol.
O jogador chutou contra o gol.
O goleiro chutou para fora.
A obrigação do preenchimento da guia é do próprio contribuinte!


A palavra obrigação exige um tipo de preposição, conforme o elemento ao qual se refere. Referindo-se a nomes, no sentido de fazer uma determinada ação, obrigação exige a preposição a. Referindo-se a verbos, exige a preposição de. Já, referindo-se a nomes, usada sempre no plural (obrigações), no sentido de compromisso, exige a combinação das preposições para com.

Exemplos:
A obrigação ao alistamento militar é intransmissível. (fazer o alistamento)
A obrigação de pagar as custas é do requerente.
Todo técnico de futebol tem obrigação para com seus jogadores.
A frase inicial, depois da correção, fica assim:


A obrigação ao preenchimento da guia é do próprio contribuinte!



Pegadinha 37


Toda a mulher casada deveria saber dirigir automóvel.


Toda a (note a presença do artigo) significa inteira. Depois desse entendimento, a frase
parece esdrúxula da cabeça aos pés!
Toda (note a ausência do artigo) significa qualquer. Agora, sim, a frase passa a ter sentido,
pois se quer referir, na frase inicial, a qualquer mulher, e não à mulher inteira.
Veja os seguintes exemplos:
Todo homem deveria falar uma língua além da materna. (qualquer homem)
Todo o homem tremia de frio. (o homem inteiro)
Toda a cidade festejou a vitória do time. (a cidade inteira)
Toda cidade tem problemas com drogas. (qualquer cidade)
A frase inicial, depois da correção, fica assim:


Toda mulher casada deveria saber dirigir automóvel.



Pegadinha 38


Se você ver o Marcos, diga-lhe que a data do concurso foi adiada!


Esta frase representa uma pedra no sapato para muitos candidatos. O futuro do
subjuntivo do verbo ver faz-se assim: vir, vires, vir, virmos, virdes, virem.
A frase inicial, depois da correção, fica assim:


Se você vir o Marcos, diga-lhe que a data do concurso foi adiada!
Pegadinha 39


Depois que ouvi a notícia, fiquei curioso por conhecer aquela cidade.


Eis um equívoco no uso da regência nominal. Curioso e curiosidade pedem a preposição de para unirem-se a seus complementos. Algumas vezes, ficamos curiosos de ou temos curiosidade de alguma coisa, porém jamais por alguma coisa.

Exemplos:
Curioso de saber por que errava tanto, resolvi ler mais e estudar português.
Curioso de vê-lo chegar àquela hora, quis saber onde estivera.
A curiosidade infantil de entender como o rádio funcionava levou-o à faculdade de
engenharia, na qual destacou-se como o mais qualificado aluno.
A palavra curioso pode ser usada sem complemento. Algumas pessoas são levadas a
confundir a regência nessa construção, achando, erroneamente, que curioso pede a
preposição por.

Exemplo:
Sou curioso por estar sempre inquieto.
Levando a frase acima à ordem direta, comprova-se que a preposição não é exigida pela
palavra curioso, mas apenas é parte integrante do adjunto adverbial de modo:
Por estar sempre inquieto, sou curioso.
A frase correta seria:


Depois que ouvi a notícia, fiquei curioso de conhecer aquela cidade.



Pegadinha 40


Na prova, pediam-se cálculos difíceis de resolverem.


A presente frase apresenta erro no uso do infinitivo. Não se flexiona o infinitivo que vem depois das expressões difíceis de, fáceis de, bons de, gostosos de etc.

Exemplos:
Filmes difíceis de compreender.
As explicações da professora são fáceis de entender.
São trabalhos bons de realizar.
Bolos gostosos de saborear.
A frase acima estará correta, se assim for escrita:


Na prova, pediam-se cálculos difíceis de resolver.



Pegadinha 41


O preço do quilo da laranja varia entre um a dois reais.


Esta frase é de relativa importância para quem vai prestar provas de concursos. Entre
se relaciona com e, e não com a:
O espetáculo começará entre vinte e vinte e uma horas.
Ela quer se aparecer.



Termo muito usado e completamente errado. Certos verbos são essencialmente pronominais como suicidar-se, por exemplo. Outros, porém, jamais podem ser usados com pronomes, como os verbos da dica anterior, simpatizar ou antipatizar.

Trazemos um desses verbos que jamais são usados com pronome, que é o verbo aparecer. Esse é um típico verbo intransitivo. Não admite voz reflexiva, objetos de espécie alguma. Não se pode aparecer ninguém e, também, aparecer a si mesmo. Escreve-se corretamente, assim:



Ela quer aparecer.



Pegadinha 2



São os banqueiros que acabam lucrando.


Neste tópico de dicas de português para concursos, a expressão é que não é genuinamente um verbo. Trata-se simplesmente de uma locução de realce, que a usamos, evidentemente, para dar destaque à ideia expressa na frase.

Por tratar-se de um mero adorno frasal, essa locução é totalmente dispensável sem prejuízo para o sentido da oração. Exemplo: É os banqueiros que acabam lucrando. = Os banqueiros acabam lucrando. (A igualdade é de significação, é lógico.)

Mais exemplos:

Só nós dois é que sabemos o quanto nos queremos bem. (Letra de canção portuguesa.) Seria ridículo dizer: Só nós dois somos que sabemos o quanto nos queremos bem. A frase original pode ser escrita, sem nenhum prejuízo para a sua significação: Só nós dois sabemos o quanto nos queremos bem.

É eles que representarão o presidente. Essa frase está correta. Estaria incorreta se fosse escrita assim: São eles que representarão o presidente. Se eliminarmos do contexto a expressão de realce é que, veremos que o sentido é o mesmo: Eles representarão o
presidente.

Muito cuidado! Nas questões de português, sobre concordância verbal, as organizadoras de vestibulares e concursos públicos costumam usar, de vez em quando, frases desse tipo, induzindo o vestibulando ou concursando a considerá-las incorretas.
Pegadinha 43


Fiquem absolutamente tranquilos, eu ressarço os acionistas.


Nesta pegadinha falaremos sobre um verbo com certas anomalias. Trata-se do verbo ressarcir. Esse verbo só é conjugado nas formas em que o acento tônico não incide no radical. Desse modo, o presente do indicativo só possui as formas: ressarcimos e ressarcis.

Quando não existe uma determinada forma verbal, substituímos por outra de mesmo significado. Em nosso caso, podemos permutar pelas correspondentes formas dos
verbos compensar, indenizar ou outro equivalente.
A frase inicial, depois da correção, fica assim:


Fiquem absolutamente tranquilos, eu indenizo os acionistas.



Pegadinha 44


Estou sem nenhuma moral para fazer a prova.


O vocábulo moral (a moral, no feminino) quer dizer relativo à moralidade, aos bons costumes, que procede conforme à honestidade e à justiça, que tem bons costumes, diz-se de tudo que é decente, educativo e instrutivo (Dic. Michaelis).. Um indivíduo sem nenhuma moral é um devasso.

Já, no masculino (o moral) quer dizer disposição do espírito, energia para suportar as dificuldades, os perigos; ânimo. Um indivíduo sem nenhum moral é alguém desanimado, desmotivado.

A frase inicial, depois da correção, fica assim:


Estou sem nenhum moral para fazer a prova.
As inscrições para o concurso encerrar-se-ão amanhã.


Veja, a seguir, as corretas regências de inscrição, inscrito e inscrever.
1 - Inscrição a:
Fiz minha inscrição ao concurso do TRT.
As inscrições ao vestibular iniciam-se amanhã.
2 - Inscrito em, para:
Você está inscrito no (ou para o) vestibular.
Estão inscritos para o (ou no) concurso do TRE.
3 - Inscrever em:
Para inscrever-se neste concurso é necessário falar inglês fluentemente.
Ele se inscreveu no vestibular.
A frase inicial, depois de corrigida, fica assim:


As inscrições ao concurso encerrar-se-ão amanhã.



Pegadinha 49


O professor está para Salvador.


Quem está, está em algum lugar, e não está para algum lugar. Só se admite estar para no cálculo de proporções: dois está para três, assim como nove está para x.

A frase inicial, depois da correção, fica assim:


O professor está em Salvador.



Pegadinha 50

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